Em texto assinado, no Jornal Estadão, pela Gerente de Saúde Corporativa do Grupo Boticário, @renatasimioni apresenta uma límpida e pedagógica tradução a respeito das várias importâncias e das várias dimensões que a Campanha Janeiro Branco possui enquanto uma Campanha dedicada à construção de uma cultura da Saúde Mental na humanidade.
Obrigado, Renata, pela sua gentileza e, ainda mais, pela sua sensibilidade em nos mostrar valiosas facetas de relação entre “mundo organizacional”, “Saúde Mental” e os potenciais da Campanha Janeiro Branco em chamar a atenção de todas as pessoas para essas (cada vez mais) necessárias questões!
Isso é colaborar com o pacto pela Saúde Mental que o Janeiro Branco 2021 propôs ao mundo!
Leia, abaixo, o texto escrito pela Renata Simioni no Jornal EstadãoFonte: Jornal Estadão
Eu sou o tipo de pessoa que adora fechar ciclos, limpar as gavetas, doar as roupas que passaram o ano todo no guarda-roupa e começar tudo de novo. Sou o tipo que renova as esperanças, projeto metas, faço outros combinados comigo mesma sobre o novo ciclo que começa. Janeiro é sempre esse mês para mim.
Esse ano tenho lido muita coisa sobre o Janeiro Branco. Confesso que é o primeiro ano que ele me chama atenção, apesar de já falarem sobre ele desde 2014.
O termo foi criado pelo psicólogo mineiro Leonardo Abrahão e foi reconhecido pela OMS logo após. Em uma palestra recente da Izabella Camargo, jornalista e autora do livro “Dá um tempo”, ela traz uma definição que eu achei ótima: “Um Janeiro Branco para 11 meses coloridos”. Um mês inteirinho para pararmos e pensarmos o que queremos para nós nesse novo ano.
O “mês branco” vem para nos fazer refletir sobre onde e como estamos e o que queremos evoluir, seja na vida pessoal, social, espiritual e/ou do trabalho. Isso ajuda muito estabelecer uma cultura de cuidado de saúde mental na sociedade. Essa é a “parte” da saúde que é muito subjetiva e que não se mede por meio de exames laboratoriais. Ela demanda investir tempo em autocuidado e autoconhecimento para nos deslocarmos para o nosso próprio padrão, onde EU me sinto bem física e mentalmente.
Os números de saúde mental no nosso país e no mundo são alarmantes. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país com a maior prevalência de ansiedade no mundo com 9,3% da população. Ainda somos o segundo maior em número de pessoas com depressão (5,8%), somente atrás dos Estados Unidos (5,9%) e muito à frente da prevalência mundial (4,4%). O suicídio está no 3º lugar entre as causas de morte externa, atrás de acidentes e agressões.
Quando vejo esses dados e as tendências, não há qualquer dúvida que há uma necessidade urgente de ação sobre o tema: precisamos evoluir na identificação, tratamento e prevenção de todos esses transtornos. Mas a principal pergunta para algo tão subjetivo é: como fazer tudo isso?
Sou médica há mais de 11 anos e trabalho na gestão de saúde corporativa há oito. Saúde mental já representa a segunda maior causa de afastamento do trabalho. Esse sempre foi o tema mais complexo na minha atuação, principalmente, por ser algo com tanto estigma e preconceito. E vivendo uma pandemia, vejo que estamos trilhando um caminho de sucesso no tema, apesar de saber que temos muito a aprender e evoluir.
Não existe fórmula mágica, mas se eu puder dar alguns conselhos para quem está olhando o tema é:
– acolhimento: ter pessoas competentes para acolher os casos críticos;
– prevenção: ações individuais e coletivas que abram espaço para escuta ativa;
– diversidade de ações: diversifique os estímulos porque as pessoas reagem de forma diferente a estímulos diferentes;
– fale sobre o tema: comunique e explique em todas as oportunidades;
A jornada é longa e diferente em todos os lugares e vai mudar a vida das pessoas e das organizações para muito melhor!
*Renata Simioni é gerente de saúde corporativa do Grupo Boticário